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terça-feira, 8 de outubro de 2013

AMOR E BISSEXUALIDADE - Por Nicéas Romeo Zanchett



AMOR E BISSEXUALIDADE 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                 A finalidade do amor não é a procriação. 
                 Uma mulher pode ter muita tesão pelo marido, e com ele chegar a múltiplos orgasmos, mas, ao mesmo tempo, ter um profundo sentimento de amor por uma amiga. O amor é algo muito especial e sublime, devendo sempre ser respeitado e compreendido. 
                  O fenômeno erótico é antecessor da sexualidade. Ele é fruto  da origem da vida que teve sua primeira forma unicelular. A sexualização é apenas uma das formas de dualização da vida. A união sexual é uma das maneiras de compensar a dualidade e de reconstruir  unidade. Esta análise nos leva a perceber que o amor não se confunde com a sexualidade nem com o instinto de procriação. 
                   A atração dos sexos opostos é apenas uma das modalidades de algo bem mais amplo; uma forma de se libertar da diferenciação, particularização e fragmentação, para reconstituir uma indistinção perdida ao longo de bilhões de anos.
                   Freud em sua última definição do ato sexual disse: "uma agressão que busca a união mais íntima". Ele já considerava a bissexualidade essencial do homem quando disse: "habituo-me a considerar todo o ato sexual como um acontecimento envolvendo quatro pessoas". Também Jung identifica no psiquismo humano uma tendência a reconstruir um estado de coexistência do masculino e do feminino. Ambos apontavam o tema bissexualidade como algo de caráter científico. De forma que temos de pensar na bissexualidade pela perspectiva evolucionista. O homem se sente incompleto e busca no oposto sua forma original. Ele é, portanto, um instinto físico e não amoroso. A sexualidade é a separação e união, antagonismo e atração. Aí está todo o mistério da atração dos opostos. 
                  Para compreendermos melhor a bissexualidade devemos, necessariamente, voltar às primeiras fases da vida embrionária. O embrião conhece a princípio um estado de indiferenciação sexual com um único órgão, que lembra o ovotéstis. Ao assumir o sexo masculino ou feminino, este órgão desenvolve a parte central chamada medular, ou sua zona periférica chamada cortical.  A direção dada a esta diferenciação é feita sob o controle dos hormônios. Durante todo o seu crescimento, o embrião desenvolve uns e não os outros, resultando nas formas sexuais masculinas ou femininas. Entretanto, mesmo ao final de sua formação e definição sexual, ficam as atrofias dos órgãos do sexo sacrificado. Esta admirável metamorfose do aparelho genital pouco a pouco se sexualiza, desenvolvendo no homem uma espécie de botão (pênis) e na mulher um orifício (vagina). Assim, podemos dizer que a mulher é o prolongamento do homem e vive-versa.
                  A teoria dos hormônios, dá uma base científica à hipótese de uma bissexualidade permanente, embora flutuante, da espécie humana. As secreções que asseguram a  sexualização do embrião são as mesmas que determinam a do adulto. Todo o indivíduo segrega, ao mesmo tempo, hormônios masculinos e femininos. O que se pode dizer é que os machos produzem mais andrógenos do que estrógenos, mas esta proporção  está sujeita a variações. Além disso a estrutura química dos hormônios é susceptível a mudanças.  Mesmo no indivíduo adulto, os hormônios apresentam uma certa flutuação entre os sexos. É esta função reguladora dos hormônios que gera uma potencialidade sexual dupla e comprova, de maneira evidente, a bissexualidade do homem. Sabemos que os hormônios não apenas controlam o desenvolvimento e o comportamento fisiológico dos sexos, como também o comportamento psicológico. 
                  O psiquismo humano depende intimamente da oscilação do equilíbrio hormonal. Uma simples injeção de hormônios femininos  desenvolve glândulas mamárias e amor materno no homem. 
                  Quando falamos da união ente homem e mulher nos vem logo a ideia de procriação, mas, na maioria dos casos, ela é evitada utilizando-se dos mais diversos meios contraceptivos hoje existentes. São incontáveis os casos de pessoas que se unem sem objetivo de fecundação. Seria um grave erro, considerar estas uniões como desprovidas de sentido. Existem casos excepcionais em que elas significam uma verdadeira fecundação espiritual que, nessa condição, substitui plenamente a outra. Para compreender e interpretar esses uniões devemos recorrer ao esquema biológico a partir do esquema celular. Os hormônios são uma prova de que a união se realiza em níveis diferentes. Esta escala comporta virtualidades infinitas, que vão desde a simples fecundação ovular à fecundação do coração, da imaginação e das fantasias da mente. Do cego apetite sexual à consciência da união unificante pelo simples amor. 
                   A descoberta dos hormônios justifica a interpretação do amor sexual. Estas secreções sustentam a hipótese de uma continuidade entre o físico e o moral, mas também entre o corpo e a alma, a matéria e o espírito. 
                   A representação do sexo como resultado de um simples conflito entre os campos de força masculina e feminina é a mesma da bipolaridade que, de certa forma, consiste na dualização de nossa natureza. 
                   O amor é um fenômeno da indução e do magnetismo. Tanto o sexo como o amor não perdem seu mistério pela fato de o analisarmos sob os olhos da química e da biologia. Ao contrário, nos leva a meditar sobre a verdadeira noção deste mistério. O tabu das religiões tradicionais está, aos poucos, sendo substituído pela ideia do mistério que envolve a união entre duas pessoas. A evolução procede às custas de um certo racionalismo e a ciência procura seguir o caminho mais exemplar para explicar o sexo e o amor, tendo consciência de que muito ainda é inexplicável. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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