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sábado, 4 de fevereiro de 2017

A SEXUALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS - por Nicéas Romeo Zanchett


                 A tendência natural de toda a criança é seguir o exemplo dos pais. A sexualidade precoce delas é apenas uma consequência do desmoronamento de referências culturais que marcaram as últimas décadas. A sociedade perdeu as tradições e rituais de passagem da infância para a adolescência e, depois, para a idade adulta. 
                 Há apenas algumas décadas as crianças tinham uma ligação maior com os pais. Eles eram o modelo de vida a ser seguido. Os pais ensinavam os comportamentos adequados e até trabalhar, mas hoje eles estão perdidos no que deve ou não deve proibir. Além disso, a criança contemporânea tem uma quantidade enorme de informações;  a internet é o veículo preferido para a educação e infelizmente os pais já não tem mais controle e isso é muito preocupante. Como serão as crianças que hoje estamos tentando educar?  
               A cada dia que passa as crianças mais se afastam das antigas brincadeiras, tipicamente apropriadas para sua idade; brincava-se de cantigas de roda, de cabo de  guerra, de jogar vôlei, queimada, espiribol, futebol e muitos outros saudáveis e instrutivos esportes. 
                 Mesmo para jogar futebol, que é a paixão dos brasileiros, está difícil, pois implica em ter um campo, um time adversário e muitas regras;  e isto já não funciona, porque as referências culturais acabaram. É assim que meninas e meninos, na faixa de 10 a 12 anos de idade, deixam de pensar em esportes para pensar só em sexo. Crianças nessa faixa etária naturalmente não tem maturidade biológica para a prática, mas vivem ansiosas para realizar a primeira experiência sexual. É bem verdade que não há uma idade oficialmente adequada para a iniciação sexual, mas a relação exige uma responsabilidade consigo mesmo e com o outro que evidentemente só é alcançada com a maturidade emocional.  

                O estímulo externo à sexualidade, leva a criança a viver situações que ainda não tem condições emocionais para enfrentar.  Um menino de 11 ou 12 anos está em estado de transição, os hormônios estão em ebulição; já pode ter ereções e até ejaculação, que é muito comum acontecer durante o sono.  Os meninos, por natureza, são mais fechados do que as meninas. Por uma questão cultural, eles tem menos espaço para trazer suas dúvidas aos pais ou professores. Geralmente sentem-se envergonhados por não saber. Seja por vergonha ou medo, eles tem menos oportunidade de falar do que as meninas mais preparadas, por exemplo, para a primeira menstruação.  A angústia deles é muito preocupante. Porque, ao invés de brincar como crianças, deram este salto para a sexualidade genital, que não podem realizar.  Desejam algo que o corpo ainda não é capaz de satisfazer. 
                  Esses conflitos vão se manifestar em dificuldades escolares, problemas de conduta ou depressão. Na vida adulta, estas crianças viverão o sexo não como algo natural, mas invasivo, vindo de fora.  Poderão enfrentar problemas com a sexualidade, como a banalização, o uso do sexo para obter domínio ou poder sobre o outro, além das dificuldades orgásticas. 
              É muito comum vermos jovens cultuando ostensivamente sua virilidade, vivendo apenas atrás de um pênis ou de um corpo malhado; outros , mais tímidos, poderão se assustar com essa invasão sexual. Estes últimos são garotos que vivem num enclausuramento emocional e físico, assustados com esta cisão que está acontecendo entre o afeto e a sexualidade. Isto é muito preocupante porque se está criando uma geração de homens frágeis, deprimidos e melancólicos, que não cumpriram as etapas do seu desenvolvimento. A pressão exercida sobre o menino que tem que provar sua identidade sexual indica privação afetiva. Precisa permanentemente satisfazer as expectativas alheias para sentir-se aceito no grupo e poder garantir um mínimo de auto-estima. No futuro seu prazer sexual pode ficar comprometido em função de uma atuação onde estará constantemente exibindo-se para os demais. 
                A educação sexual está incluída nas disciplinas de ciência e biologia, mas de forma bem resumida e genérica. Não entra nas questões que realmente interessam, principalmente aos adolescentes. 
             É muito natural que os adolescentes namorem, mas há uma diferença entre uma demonstração de afeto e gestos que fogem ao mínimo de convivência social. 
            Pais e professores usam a imaginação para enfrentar este descompasso entre os estímulos precoces da sexualidade e a sua maturação biológica ainda insuficiente para satisfazer aos apelos da prática sexual. 
              A sexualização precoce leva a uma aceleração da maturidade biológica. Já não é novidade se encontrar meninas menstruando aos 10 anos de idade.  Estudos recentes indicam que há um aumento considerável de meninas que menstruam nesta idade. E esta aceleração da maturação biológica pode também estar ocorrendo com os meninos. 
                   Com o advento da internet, o diálogo dos pais e professores com os adolescentes, que já era difícil, se tornou quase impossível. Mas é importante que os pais e professores evitem esse padrão de erotização precoce imposto pela cultura, procurando estar bem informado e atento às perguntas e atitudes das crianças;  não devem nunca se omitirem à discussão de qualquer assunto sexual. Essa é a melhor forma de evitar que seu filho ou aluno aprenda errado na rua.  O melhor caminho para evitar conflitos da criança diante da sexualização precoce é a atenção e conversa franca.  Se a criança tiver este afeto irá adquirir confiança e viverá estes momentos com a ansiedade natural da idade.  Sem vinculo e cumplicidade, principalmente com os pais, a sexualidade se tornará um transtorno e acarretará problemas futuros. 
                   A educação sexual é polêmica nessa idade. Muitos psicanalistas dizem que, ao invés de orientar, as informações sobre sexo podem invadir a privacidade da criança e provocar efeitos nocivos, como a angústia, o medo de castigos por suas fantasias sexuais e até a negação da própria sexualidade. Mas hoje com a internet e outros meios de comunicação as crianças são diariamente bombardeadas com informações que nem sempre são orientadoras. Portanto, seja qual for a opinião divergente, é melhor informar e dar um rumo ao pensamento do confuso jovem. Nada convence mais do que a verdade.
                  Se a criança está fixada em sexo, os pais devem procurar ajuda de um terapeuta para tentar devolvê-la aos prazeres naturais da infância. Um dos melhores caminhos é, sem dúvida, o incentivo a jogos e brincadeiras. É através do brincar que a criança aprende a se conhecer e a lidar com regrar e reverências para o convívio social na idade adulta. Nesse aspecto, é importante estimular o convívio com crianças da mesma idade. 
          Até por imaturidade biológica, começar a vida sexual muito cedo é totalmente desaconselhável, mesmo para os meninos. Mas nada impede que a criança comece a investigar sua própria sexualidade com naturalidade, isto é, sem pressões externas. 
                 O diálogo aberto e franco com os pais é o melhor caminho para que a criança comece a lidar com a sexualidade. Quando esse diálogo é difícil, ela atravessará esta faze com muita ansiedade e desamparo. Hoje com tantas doenças sexualmente transmissíveis rondando as crianças, o mínimo que podemos fazer é orientá-las sobre sexo seguro. 

Nicéas Romeo Zanchett 
                   

                 


terça-feira, 17 de novembro de 2015

A MULHER MODERNA É LIBERADA E MAIS EXIGENTE


                 Depois que surgiu a pílula anticoncepcional as mulheres deixaram para traz milenares conceitos e preconceitos. Seus últimos receios caíram por terra e finalmente se libertaram dos caprichos e das regalias dos homens. Aos poucos foram conquistando uma liberdade cada vez  maior e hoje exigem mais e melhor amor porque já não são escravas submissas. 
               Mesmo passado tanto tempo do advento da pílula, muitos homens ainda estão assustados com esta nova mulher. Elas estão expondo à luz suas vontades e desejos que antes eram reprimidos e guardados apenas para si. Mas, por outro lado, os homens descobriram uma nova mulher;  que elas são mais ardentes que eles e, quando estimuladas, transformam-se em verdadeiros furacões do amor. A agressividade das mulheres  é um fato novo ao qual os homens ainda não se habituaram. De eternas conquistadas, elas passaram a conquistadoras e sempre dizendo o que realmente querem. No passado, tais mulheres constituíam uma exceção e quase uma anormalidade; hoje, ao se igualarem aos homens no jogo do amor, elas adquiriram nova personalidade e, ao mesmo tempo, um novo encanto. Não são mais passivas, mas não deixaram de ser delicadas, suaves e belas. 
                 O sexo é um instinto. Uma pessoa indiferente a esse instinto deve ter razões importantes para isso. Uma das razões certamente é a velada guerra que continua existindo entre o homem e a mulher.  As tenções da vida diária provocam um estado de irritação quase permanente, e essa irritação acaba sendo despejada no parceiro ou parceira do casamento, influindo assim, desastrosamente, nas relações sexuais de ambos. 
               A ambição pelo poder do dinheiro e do prestígio social são sucedâneos do instinto sexual. Vemos cada vez mais a sexualização do dinheiro, ou seja, o dinheiro considerado como uma conquista sexual.  A razão desse fenômeno é que o homem joga com mais segurança na busca do dinheiro e, em si, o dinheiro é mais fiel que a mulher, pois ele o usa como bem quiser. Pela mesma razão podemos perceber que esses homens preferem o amor das prostitutas, porque com elas o jogo é mais seguro. As esposas exigem cada vez mais e assim torna-se cada dia mais difícil satisfazê-las. Temos como exemplo o homem que chega em casa extenuado do trabalho e só pensa em descansar; ele não gostará de ser submetido a um duro teste para provar seu amor e sua sexualidade. No fundo, a maioria dos homens detestam e procuram evitar as mulheres que exigem sexo constantemente. Talvez isso ocorra pelas mesmas razões que fizeram as mulheres, desde a ancestralidade, sempre submissas às vontades dos homens. Entretanto é importante observar que existe uma substancial diferença entre desejar e exigir sexo. Quando a mulher apenas deseja, pode tornar-se uma ótima companheira para o amor, mas a coisa muda de figura quando ela passa a exigir.
                Sexo é um instinto cujo elemento básico é a busca do prazer. Ninguém sai por aí fazendo sexo para ter filhos. Um homem, mesmo forçado a ter relações frequentes com uma mulher, pode sentir prazer, mas nunca será "aquele prazer" e, com o tempo, começará a odiar e evitar aquela mulher. É bem verdade que um homem com vida sexual intensa geralmente é mais potente, mas a constante exigência torna a relação muito artificial e nada tem a ver com desejo. 
              Muitos homens parece que estão indiferentes ao sexo. Há uma certa falta de sentimentos. Há homens incapazes de sentir desejo, paixão ou prazer; vivem apenas para o sucesso profissional e completamente indiferentes em matéria de sexo. Por outro lado, muitas mulheres desejam obter o prazer sexual com a mesma facilidade e presteza com que fazem compras no shopping; procuram uma completa satisfação sem terem o cuidado de se prepararem emocionalmente para o ato em si; essas mulheres costumam dar, cada vez mais, maior importância ao assunto, falando sempre em felicidade e amor, mas os homens não estão conseguindo entender bem este novo jogo e ficam perplexos e confusos. 
               Uma vida sexual satisfatória depende basicamente da capacidade de um dos parceiros expandir-se sexualmente em toda a sua plenitude e imaginação. Mas sem confiança mútua isso torna-se impossível. 
               No momento do ato amoroso, geralmente o marido teme comunicar a sua imaginação à mulher, pressupondo que vai chocá-la, magoá-la ou ofendê-la; limita-se então a fazer apenas aquilo que ele imagina que ela espera dele. Esta falta de diálogo sincero acaba prejudicando o relacionamento e quando o homem deseja sentir um verdadeiro prazer, termina por procurar outra mulher, que o anima a libertar-se de seus complexos e a fazer funcionar a imaginação sexual que o tortura.  Aqui entramos num campo muito diversificado, pois há imaginações diferentes em cada pessoa. Mas a verdade é que os instintos não são antinaturais, pelo contrário, são necessários a uma vida sexual satisfatória e sadia. 
              Sempre se disse que o casamento é uma instituição fadada ao fracasso e que brevemente as pessoas não mais passarão pelo cartório ou pela igreja. Até certo ponto é verdade, pois o que vemos hoje é um número crescente de uniões sem qualquer tipo de compromisso moral ou econômico. Isto, porém, não quer dizer que os homens não confiam mais nas mulheres. É que muitos homens e também mulheres, não querem mais ter a sensação de estarem presos a determinada pessoa. Em muitos casos é devido à experiências anteriores que não desejam repetir. Um dos fatores que mais tem contribuído para esse novo modelo de casamento é a severidade das leis do divórcio. O homem não se conforma quando pensa que terá de sustentar uma mulher que não é mais dele e que nada mais significa em sua vida.  
                Quando há um rompimento e surge algum litígio é natural que busquem a solução na justiça. De modo geral os tribunais querem sempre castigar o homem cujo casamento fracassou e sua pena é pagar. As leis ainda se baseiam no falso mito do "sexo frágil" que acabam sempre favorecendo a mulher. Embora muitas não concordem, não se pode negar que é uma contradição; ora, as mulheres lutam pela igualdade de direitos, mas na hora de obter o divórcio transformam-se em seres desiguais, fracos, medrosos, que necessitam de apoio. Tal atitude  não é apenas hipócrita, mas também inconsequente. No passado, não muito remoto, esta inconsequência era um dos charmes femininos porque as leis não eram tão parciais. Hoje, o homem teme, com certa razão, que a mulher use o sexo apenas para ter direito ao seu dinheiro e garantias futuras.  Esta questão é muito complexa e pode levar o homem não apenas à indiferença, mas à própria impotência diante daquela mulher. 
              O casamento perde o sentido quando o casal não deseja ter filhos; se não terão filhos, para que casar?  O melhor é apenas viver juntos. O movimento hippie pode ser considerado o início desta tendência. Ele tem uma significação mais profunda, pois baseia-se na sua revolta contra a hipocrisia. 
                Com erros e acertos, a verdade é que homens e mulheres, casados ou não, sempre estarão juntos. O importante é encontrar o caminho que possa formatar um relacionamento prazeroso. E este caminho passa necessariamente pelo diálogo franco, pela fidelidade, pela compreensão e pela tolerância que molda a convivência no dia a dia de um casal. 
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Nicéas Romeo Zanchett 
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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

MITOS TABUS E SUPERSTIÇÕES SEXUAIS


               Mesmo com todo o avanço da ciência, da medicina moderna e do desenvolvimento cultural disseminado através dos mais diversos meios de comunicação, muitos mitos tabus e superstições persistem. E não raras vezes eles produzem resultados extremamente prejudiciais aos seres humanos. 
              Os tabus (palavra de origem polinésia) são objetos, coisas, maneiras de falar, atos julgados perigosos em si mesmos que precisam ser evitados para que as pessoas não sejam castigadas ou prejudicadas. Trata-se de proibições que não são impostas por leis ou sanções religiosas, mas que são passadas de pais para filhos e se incorporam à vida das pessoas. 
                Mesmo nas sociedades mais avançadas, os tabus exercem poderosas funções sociais. São uma espécie de freios para práticas socialmente não desejadas, paradigmas de comportamento. 
                Há uma ignorância generalizada em assuntos que há muito tempo já foram esclarecidos  pelos cientistas. A própria sexologia, em muitos lugares,   sofre proibição ou tabu cultural. Ainda hoje, em muitas escolas brasileiras a educação sexual é tratada como um tabu e os professores de biologia são impedidos até de falar sobre reprodução humana. Isto é lamentável porque as crianças são obrigadas a buscar o aprendizado na rua com colegas, na internet ou com desconhecidos que também não informam com seriedade. Muitos vão à procura de publicações que nem sempre são orientadoras. Geralmente nestas publicações o sexo é tratado de forma burlesca e popular com o único objetivo de obter algum lucro. É, pois, necessário e urgente ministrar boa instrução sexual de forma direta em nossas escolas. Os pais costumam deixar tudo para os professores e isso só agrava a situação. Essa instrução deve sempre se pautar pela idade dos alunos e portanto manter os limites possíveis de entendimento deles. Não menos importante, para alunos que já atingiram a adolescência, é extremamente necessário a educação matrimonial sem nenhum preconceito. 
               Quando ouvimos alguns jovens falando sobre sexo é possível constatar claramente sua ignorância sobre o tema. Os rapazes, principalmente, se acham verdadeiros doutores na arte sexual, mas suas informações, na realidade, são muito limitadas. 

Desenho de Romeo Zanchett 
               No Brasil e em mutos outros países há profundos estudos sobre as transformações dos costumes. Trata-se de um processo sociológico de longa data que hoje, pela facilidade dos meios de comunicação, torna-se cada vez mais veloz. 
                A televisão, a internet e o cinema moderno, com suas chanchadas pornográficas ou semi-pornográficas, vem alterando radicalmente o comportamento sexual das novas gerações. No entanto, a educação sexual de qualidade é coisa rara. Os tabus continuam impedindo que esta se faça presente nos currículos escolares. 
               Ao que parece, os tabus sexuais da nossa civilização ocidental remontam aos tempos de "Adão e Eva". Explica-se que Adão comeu o fruto proibido de certa árvore do paraíso, mas não se explica o porque da proibição e o aprendiz tem que deduzir por sua própria imaginação o conceito. A metáfora da árvore proibida, de que fala a bíblia, é apenas o símbolo de um tabu milenar.
              A força que tem os tabus foi profundamente analisada pelo cientista Frazer, nos costumes de diversas sociedades ao redor do mundo. Verificou ele que no Congo, quando o chefe dos sacerdotes ia viajar para distribuir justiça (lá o sacerdote era também o juiz), todas as pessoas casadas deviam se abster de relações sexuais, pois caso contrário o sacerdote sofreria algum desastre... Este é um perfeito exemplo  de como a religiosidade sempre interferiu na vida sexual das pessoas criando tabus absurdos. Na Birmânia, a mulher que preparava levedura para a cerveja deveria manter-se casta, porque caso contrário, a cerveja seria muito amarga. Também os caçadores e pescadores deveriam se abster de relações sexuais antes de empreender suas expedições. Em Roma a proibição dos casamentos entre pessoas aparentadas foi decorrente do tabu de que o incesto provocava carestias, deformações e doenças... Ainda hoje, muitos destes tabus continuam exercendo forte influência sobre muitas pessoas. 
                 Sabemos que os tabus sexuais originaram-se paralelamente aos tabus  e ritos místicos-religiosos. Por isso, em muitas sociedades (as anti-sexuais), sexo passou a ser sinônimo de "pecado", pouca vergonha, imundice; Houve tempo, no Ocidente, em que as meninas e os meninos eram educados para verem com horror os seus próprios órgãos sexuais. As classes esclarecidas, mesmo hoje em dia, desconhecem isso e, como consequência, a educação continua falha, incompleta, ou inexistente. 
                  A nossa sociedade continua criando mitos e tabus que dificultam e até prejudicam o relacionamento afetivo e sexual entre as pessoas. Essas inverdades conseguem criar enorme sofrimento, principalmente entre jovens. 
Desenho de Romeo Zanchett 
Veja abaixo os absurdos criados pela crendice popular. 
                  1 - Que sexualmente o homem é sempre ativo e a mulher é passiva.
                  2 - Que a masturbação pode deformar os genitais e prejudicar a saúde; que é uma prática masculina e poucas são as mulheres que se masturbam, e estas sempre se sentem culpadas; que quem se masturba perde a energia de que precisará no futuro. 
                  3 - Que depois de casado o homem deixa de se masturbar. 
                  4 - Que o homem que faz sexo oral na mulher tem tendências homossexuais. 
                  5 - Que o homem é o responsável pelo orgasmo da mulher. 
                  6 - Que quanto maior a frequência sexual, maior será o desgaste físico e psicológico;
                  7 - Que todas as pessoas ou são totalmente heterossexuais ou totalmente homossexuais. 
                  8 - Que os homossexuais são diferentes e não será possível sua integração na sociedade. 
                  9 - Que quando um homem sente prazer com carícias em seus mamilos ou em suas nádegas é porque reprimiu seu desejo homossexual. 
                10 - Que o homem deve sempre estar disposto à prática sexual; que uma ereção indica a necessidade de relações sexuais imediatas; que todo o contato físico deve necessariamente terminar numa relação sexual. 
                11 - Que o tamanho do pênis é que determina o maior ou menor prazer da mulher. 
                12 - Que as emissões de sêmen durante o sono são sintomas de distúrbios sexuais. 
                13 - Que uma atuação desportiva é prejudicada pela relação sexual ocorrida na noite anterior. 
                14 - Que um verdadeiro macho não falha nunca; que só a mulher deve sentar-se para usar o vaso sanitário na hora de urinar. 
                15 - Que um homem nunca deve expressar seus sentimentos. 
                16 - que pessoas de raça negra tem maior impulso sexual que os de raças brancas. 
                17 - Que o álcool é um estimulante sexual. Esta questão é bem mais complexa, porque depende da quantidade e do estado de saúde do indivíduo. O álcool, consumido até certa quantidade é um desinibidor e por isso se criou esse tabu.
                18 - Que a vasectomia é como uma castração que diminui ou acaba completamente com o impulso sexual. 
                19 - Que a mulher só deve transar por amor. 
                20 - Que só as mulheres jovens se masturbam, e que agindo assim não conseguirão gozar numa relação sexual com um parceiro.
                21 - que o orgasmo da mulher deve sempre ser simultâneo ao do homem que a está penetrando. 
                22 - Que cabe à mulher o dever de entregar-se ao homem para satisfazer seu desejo sempre que ele quiser; que ela nunca deve ter a iniciativa para o ato sexual. 
                23 - Que a mulher não deve falar das suas preferências sexuais para não magoar seu parceiro. 
                24 - Que a única forma da mulher chegar ao orgasmo deve ser através da penetração masculina, porque essa é a forma correta.
                25 - Que a mulher não deve ter relações sexuais durante a menstruação; que a relação sexual durante este período traz riscos de infecção para ela. 
                26 - Que a mulher deve dar por finalizado o ato sexual tão logo o homem tenha ejaculado. 
                27 - Que a menopausa assinala o fim da vida sexual da mulher. 
                28 - Que a mulher não deve participar de nenhuma atividade sexual em que a vagina não seja diretamente estimulada.
                29 - Que o hímen é a prova da virgindade; que a virgindade é como se fosse um tesouro da mulher. 
                30 - Que as mulheres não sentem desejo sexual durante a gestação. 
                31 - Que a mulher tem menos necessidade de sexo do que o homem. Que nela o gozo é mais espiritual do que corporal. 
                32 - Que existem mulheres frígidas e que estas jamais conseguirão chegar ao orgasmo. 
                Como podemos observar, as mulheres são as maiores vítimas dos tabus, superstições e preconceitos. Somente com uma educação sexual séria poderemos orientar não apenas aos jovens, mas a todas as pessoas. Muitos não foram educados ou foram de forma errada. 
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Nicéas Romeo Zanchett 

domingo, 8 de novembro de 2015

LESBIANISMO PODE SER POR AMOR

Pintura de Romeo Zanchett 
Se a atração por outra mulher existe, é verdadeira, não há razão para reprimi-la.

                  Os sexos contém muitos mistérios que ainda desconhecemos. São detentores do segredo da vida, capazes de criar um novo ser. Por outro lado, a fantasia sexual tem poder ilimitado na mente humana. 
                  Durante milênios, a vida transcorreu da mesma maneira para as mulheres: retraídas, guardadas, ignorantes sobre seu próprio corpo e vivendo em função dos homens. Desde a Grécia antiga, quando os homens refletiam sobre seu amor pelos belos rapazes de Atenas que o amor entre mulheres tem sido motivo de discussão e controvérsia. A homossexualidade feminina não é invenção da modernidade de nossos dias. Investigando a história podemos constatar que ela também remonta os idos da Grécia antiga. Também os afrescos das "Três Graças" de Pompéia podem exemplificar  muito bem a relação amorosa entre elas. 

Desenho de Romeo Zanchett 
               Uma das mais antigas referências  ao lesbianismo vem do século VII antes de Cristo.  A lenda conta que a poetisa Safo vivia na ilha grega de Lesbos cercada de belas ninfetas que entre si se satisfaziam sexualmente. Em Lesbos havia pouquíssimos homens que eram utilizados apenas para serviços pesados e a procriação para preservação da espécie. (Se quiser conhecer mais sobre esta história leia em LESBOS - A ILHA DO AMOR E PRAZER   -
               O maior medo de muitos homens é que sua mulher o traia com outra. As mulheres realmente se libertaram enquanto os homens permanecem presos a velhas posturas de relacionamento. A bissexualidade feminina é a alternativa que elas tem para superar o atraso mental e machista de seus parceiros. 
                A maioria das mulheres chamadas de lésbicas transam ou já transaram com homens. Sua opção por outra mulher pode ser por amor e o amor sempre deve ser respeitado. Não são poucas as noivas que deixam os futuros maridos esperando no altar e vão ser felizes nos braços de outra mulher. 
Escultura de Romeo Zanchett 
                 O fato de uma mulher gostar de outra não a coloca, de maneira alguma, contra os homens, o que ela busca pode ser o prazer complementar de que precisa e não está tendo com seu parceiro.
                  Uma mulher percebe imediatamente, pelo simples olhar, quando está sendo desejada por outra. Ela entende com mais facilidade o que a outra sente, sabe melhor do que a outra gosta, sente sua sexualidade mesmo fora da cama e isto põe os homens em absoluta desvantagem. Muitos homens vão para uma relação apenas para gozar e terminado o ato saem correndo para o banheiro,  como se sentissem sujos. Isto causa uma enorme decepção para as mulheres. Afinal elas os recebem dentro do seu corpo, onde eles deixam seu produto ejaculado.
Pintura de Romeo Zanchett 
                 Muitas mulheres ficam com seus homens por acomodação, por questões financeiras e pela falta de opção.  Há casos em que mantém oficialmente o casamento e vão suprir suas carências de afeto com as amigas. 
                 Precisamos deixar de olhar o relacionamento entre duas mulheres apenas pelo prisma gay. Aquela história, pré-concebida,  que os homens tem sobre o relacionamento entre duas mulheres de que uma é sapatão, assumindo o papel do macho, e a outra é a gatinha manhosa e submissa é caso raro em nossos dias. É bem verdade que muitas mulheres se apaixonam pela companheira e aí, por ciúme ou por medo da competição masculina, caem no erro de tentar fazer o papel de homens. Isto é um erro que pode até acabar com um bonito relacionamento pois ela está ali justamente por ser mulher. 
                A mulher moderna está cada dia mais exigente, quer carinho, orgasmos múltiplos e entrega total. Portanto, já vai longe o tempo em que os homens podiam confiar a fidelidade de suas companheiras apenas no prazer que seu "grande o grosso" pênis pode proporcionar. 
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Nicéas Romeo Zanchett 



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A ROTINA NO AMOR SEXUAL - Nicéas

escultura Romeo Zanchett 
                  Os recem casados  praticam o ato sexual em vários cômodos da casa e nas mais diversas posições.  À medida que a estruturação de sua vida evolui, a integração à sociedade se dá através  das pessoas que vem visitá-los, dos filhos que chegam, dos amigos profissionais, da necessidade e presença constante de empregada doméstica, etc. Gradativamente o casal vai sendo confinado no quarto, restringe as relações  sexuais ao período da noite e diminui a sua frequência. 
                  A evolução da paixão para um amor maduro não precisa esfriar e relação conjugal. A monogamia pode ser deliciosa se o casal estiver disposto em aumentar a intimidade. Basta soltar a imaginação e deixar de lado os preconceitos para que o sexo seja sempre uma emoção nova e maravilhosa. Mas, geralmente os casais se deixam dominar pela monotonia, por falta de informação e até por ignorância. 
                  Existe um meio termo entre a paixão arrebatadora e o marasmo conjugal. Descobrir este ponto depende dos dois. 

escultura Romeo Zanchett 
                 Tradicionalmente a cama é o templo do amor sexual do casal. O melhor horário é uma questão que varia de casal para casal. 
                  Além do horário para o amor (geralmente à noite), existe a mais comum das posições que é o chamado papai-mamãe, além da frequência para o amor que também é um fator de afastamento.
                  Estas questões podem variar dependendo da cultura e crença de cada povo, como nos mostra a história. Entre os povos indígenas da tribo Masai do Canadá, crê-se que copulando durante o dia, o sangue do homem flui para o corpo da mulher, restando apenas água nas veias. Já outros povos não admitem relações sexuais à noite, pois acreditam que uma criança concebida no escuro pode nascer cega. Pode ser inacreditável, mas essas crenças absurdas existem e geralmente foram criadas pelas religiões.
                  Embora o isolamento seja uma carência de todos os que querem fazer amor, o costume de se fecharem  entre quatro paredes não é universal. Os polinésios e os índios brasileiros gostam de se encontrar no meio da mata, mesmo que outros assistam seu encontro sexual. Os gregos possuíam dois espaços: um para o ato sexual e outro para o repouso. Mais ou menos o que fazem  os que adotam camas separadas; o casal tem relação em uma delas e depois cada um vai dormir na sua cama.Não há dúvida de que é muito bom para o repouso, mas, por outro lado, proporciona uma separação que pode tornar-se definitiva. 
                  
escultura Romeo Zanchett 
                A cama moderna é fruto de uma evolução. O chamado leito conjugal, entretanto, veio unir as duas atividades que o homem e a mulher do nosso tempo foram aos poucos confinando aos horários noturnos. Mas ao invés de continuar sua evolução, este móvel corre o risco de se tornar um fator limitante e deserotizante na vida dentro do lar, acabando por ruir o próprio casamento. Para que a tesão não esmoreça é necessário permanente renovação, tanto nos locais como nas posições amorosas. Assim como a atividade sexual é realizada por muitos com um excesso de formalidade, poucos são os que assumem o erotismo e o trazem para o quotidiano.  Enquanto a ideia de uma cama especial - com espelhos, vibradores de colchões, brinquedinhos eróticos, som, etc. - numa casa normal é tida como rematada loucura ou tara-sexual; só os excêntricos ousam usufruir desta excitante forma de viver o amor.  Muitas vezes é preciso enriquecer o sexo com um pouco de erotismo e de imaginação. Afinal, uma pitada de ousadia não faz mal a ninguém. Se você gosta de objetos e apetrechos de sex-shops como lingerie sensuais, filmes eróticos, livros e poesias, não restrinja suas fantasias e vá em frente.  Reconhecer onde mora o desejo é uma das portas para o pleno prazer. Mas as mulheres, talvez por uma educação reprimida, ainda tem muitas dificuldades nesse campo. Muitas buscam viver sua sexualidade de forma mais plena, mas não tem chance porque nossa cultura machista as rotula como imitadoras de alguma celebridade e até de prostitutas, identificando-as com alguma mulher mais liberada. O importante é nunca esquecer que a consciência do próprio corpo e do que lhe da prazer passa pelo autoconhecimento. 
Ilustração: Romeo Zanchett
                 Entre quatro paredes nada deve ser proibido. Tudo deve ser permitido sem prévias consultas, sem o aval da censura. De luz acesa ou meia luz, nos vermos nus e nos examinarmos detidamente, curtindo a reação de cada ponto do corpo, da ereção súbita do pênis à elasticidade do clitóris. Ou de luz apagada, para melhor sentirmos o toque, a percepção tátil prazerosa dos carinhos trocados, como os arrepios que percorrem a espinha pelo deslizar de uma língua quente na nuca.  
                Em qualquer posição - de pé, sentados, deitados, recostados, por cima  ou por baixo. O importante é dar vasão aos nossos impulsos na hora que eles surgem como avalanches, aproveitando cada momento e o inusitado de cada situação. 
                Ir a um motel pode ser uma sugestão interessante e útil, principalmente quando o casamento precisa de mais incentivo, mas se o problema for falta de amor nada pode resolver. 
                Se a mulher não exercer plenamente e gostosamente o dia-a-dia do sexo, transforma-o em arma de censura. Ela começa achar que apenas cumpre um dever frente ao seu parceiro. Homem e mulher precisam viver os sentimentos nas suas mais diferentes formas, abandonando o artificialismo do explicado demais.
Nicéas Romeo Zanchett 

AS RELAÇÕES SEXUAIS ENTRE CARDÍACOS


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Cuidado com o uso do Viagra.
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                 Sempre que sentimos uma emoção é natural que o coração bata mais forte. Em face do desejo sexual, durante toda a sequência da excitação, seu ritmo é acelerado. É natural que um coração doente tem uma história diferente da de um coração sadio. Mas sexualmente, a moléstia cardíaca, exceto durante a crise, não deve interferir na vida de ninguém. Um homem cardíaco sendo viril, seria impossível exigir que ele abrisse mão de sua afetividade e sexualidade para ter maior tempo de vida.  Da mesma forma, é inútil tentar fingir que a doença não existe. Apos o ataque cardíaco, o casal deve se dar um tempo até que a vida retorne ao normal, evitando assim que as relações sexuais provoquem palpitações carregadas de culpa. Hoje com o advento das pílulas de virilidade (viagra e outros), os cuidados devem ser redobrados e sempre com acompanhamento médico. Apos contornar o problema, o ritmo da vida anterior deve ser retomado; melhor um cardíaco emocionalmente satisfeito, e consequentemente tranquilo, do que um cidadão casto e enervado.
                  O ato sexual é um bom exercício físico que o cardíaco deve praticar com certa cautela e sem exageros.

                  Um homem, ao chegar à chamada terceira idade, tende a não se conformar com a queda natural de sua potência sexual. Essa potência depende diretamente de um bom coração; sem ele fica difícil a ereção pela dificuldade do fluxo de sangue para o órgão sexual do indivíduo; se o pênis é grande a dificuldade é ainda maior. Ora, se o coração não está irrigando suficientemente o corpo como um todo, é natural que não consiga manter um pênis ereto o tempo suficiente para concluir uma relação sexual. Essa situação leva muitos homens ao desespero e assim eles buscam soluções absurdas para provar que sua masculinidade continua intacta. Isso é de uma infantilidade que beira o ridículo. É preciso saber viver feliz em cada fase da vida; a sexualidade vai acabar algum dia, mas quando há amor fica o carinho, as carícias e tudo mais que dá prazer. No entanto, muitos se desesperam e fazem uso de pílulas para ereção sem orientação médica. É muito comum homens terem ataques cardíacos em motéis onde, para provar sua masculinidade diante uma mulher, geralmente jovem -(muitas vezes de programa), fazem uso exagerado de medicamentos, sem orientação média, e as vezes até chegam a óbito. Esses casos são comuns, mas não são divulgados porque tanto os estabelecimentos como a própria família do homem em questão abafam tudo. 
                    O mais importante é a conscientização dos limites que cada um tem. 
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Nicéas Romeo Zanchett 

GRITOS E SUSSURROS DURANTE O SEXO




                  ORGASMOS
                    Numa relação sexual, gritos e sussurros são manifestação de prazer e acontecem com a maioria das pessoas. É errado imaginar que este tipo de manifestação aconteça apenas entre pessoas de baixo nível. Assim como muitos casais não dispensam um fundo musical a seus encontros amorosos, muitas pessoas precisam criar uma alternativa estereofônica para ter maior prazer ma relação sexual. O próprio ritmo da respiração se incumbe de, durante a excitação, gerar mais excitação no parceiro ou parceira. Os sussurros e suspiros também acontecem naturalmente, sem que provoquem sentimento de culpa ou vergonha. Mas a verbalização do prazer ainda é vista  por muitos preconceituosos como coisa feia, razão pela qual eles acham que deve ser contida. Este absurdo conformismo e pudor, em geral acontece com as mulheres que, via de regra, tiveram uma educação sexual muito reprimida. Os homens que por sua educação machista sempre se viram liberados para fazer sexo, se entregam com mais facilidade à saudável prática de dizerem o que sentem, mesmo com palavrões. Mas a festa erótica deve ser curtida a dois: a mulher também pode e deve extravasar seu prazer dizendo o que sente ou tem vontade de sentir. Num encontro pleno, homem e mulher trocam confidências íntimas, que necessariamente não precisam ser sussurradas; se houver vontade, os gritos também acontecem em alto e bom som. 

                  É bem verdade que muitas mulheres fingem e extravasam gritos e gemidos apenas para apressar o orgasmo do parceiro, mas o homem experiente sabe quando isso está acontecendo. As mulheres maduras tem muito mais capacidade de entregar-se totalmente e nessas condições elas atingem orgasmos múltiplos e satisfatórios; elas gozam e continuam querendo mais. Já as as ninfetas e mulheres jovens, muitas vezes utilizam-se dese artifício na tentativa de enganar, mostrando um prazer que não estão sentindo. Nessa condição é evidente que querem abreviar o ato e livrar-se logo do parceiro. 
                  O importante é a total entrega entre o casal, sem preconceitos ou pudores falsos que só servem para atrapalhar a relação.  
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Nicéas Romeo Zanchett